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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Erros ortográficos: corrigir ou não corrigir?

No início da alfabetização a escrita de palavras como caza, mininu, aneu são avanços a comemorar, pois revelam a compreensão da regra básica da escrita portuguesa: a correspondência entre "som" e letra. Erros como esses revelam hipóteses – inteligentes, plausíveis – formuladas pelo aprendiz sobre a grafia das palavras.
É normal que ele não atine, a princípio, com todas as convenções ortográficas: os sistemas de escrita alfabética (do Português e de várias línguas) incluem irregularidades, incoerências.
Embora o princípio geral seja de que cada fonema ("som") corresponda a um grafema (letra ou conjunto de letras), há casos de um fonema ser representado por diferentes grafemas (ex.: o fonema /s/ pode ser grafado com S, C, SC, Ç, SS) e há casos de uma letra representar diferentes fonemas (a letra x pode ler lida como /cs/, /ch/, /z/). O professor deve ficar atento à escrita dos alunos, conhecer suas hipóteses, identificar suas dificuldades e definir as interferências
necessárias para ajudá-los.
Algumas hipóteses equivocadas serão refeitas a partir da compreensão da regularidade existente por trás da aparente dificuldade.
Por exemplo: na fala mineira, pronunciar /i/ e grafar E, quando se trata de sílaba átona em final de palavra, é uma regularidade, não é exceção (ex.: cabide, tomate, alegre). Noutros casos, a solução é memorizar a grafia, que só se explica por razões etimológicas complexas.
Servem de exemplo as dificuldades apontadas na grafia do fonema /s/: semente, cenoura, nascer, descida, receber, ressaca. " -  Maria da Graça Costa Val (Pesquisadora do Ceale)

8 aspectos a considerar durante a correção de texto dos alunos

1. Olhe para o erro do aluno como uma oportunidade de ensinar o correto. Não ameace xerocar o texto de quem errar para colocar no mural da classe;

2. Ninguém erra propositalmente. Fazer um discurso em nome da correção pode fazer o tiro sair pela culatra. Os alunos podem ficar inibidos ao escrever;
 
3. Todo texto tem uma função social. O aluno não escreve somente para ser avaliado e sim para expor uma opinião acerca de algo. Não a despreze;

4. Explicar a proposta, a qual deve ser muito bem elaborada, garantirá menos problemas na correção. Professor, nada de aplicar redação apenas porque está com preguiça de dar aula ou para cobrir a falta de outro professor;

5. Não potencialize o conteúdo em detrimento da forma. Ambos são importantes. É importante, no entanto, que os critérios sejam muito bem explicados previamente;

6. Ensine seus alunos a fazer um rascunho. O primeiro texto dificilmente será o melhor a ser apresentado;

7. Faça exercícios de elaboração de introdução, desenvolvimento, criação de critérios e de conclusão. É muito mais fácil estudar em parte o texto do que "vomitar" toda a informação na cara do aluno;

8. A obediência à norma culta é um dos aspectos avaliados. Um texto não é desprezível por um erro de grafia, mas esta pode prejudicar consideravelmente a ideia.